quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Baja de Idanha-a-Nova pode decidir o campeonato
Publicado em quinta-feira, setembro 15, 2011
Muito prometia a presente edição do Campeonato de Portugal de Todo-o-Terreno, mas vicissitudes várias e culpas diversas, ainda que o manto justificativo da crise tivesse servido para esconder alargadas incapacidades e o proverbial deixa-andar, anteciparam o desfecho da encurtada competição: apenas cinco provas!
Assim, de campeonato emblemático, mediático e participado, apesar de tudo, como nenhum outro, o TT esteve quase cinco meses parado, caindo para mortal esquecimento, definhando no leito de morte em que o automobilismo nacional caiu à míngua de novas ideias, promoção e visibilidade.
Mas, está aí a Baja de Idanha-a-Nova, a segunda prova em apenas três semanas – não há fome que não dê em fartura, lá diz o povo – uma vez mais organizada pela Escuderia Castelo Branco, que teve a coragem e a motivação, a arte e o engenho que a outros faltou para honrar compromissos com pilotos, equipas e patrocinadores.
A Baja de Idanha-a Nova servirá, muito provavelmente, caso a normalidade e a lógica imperem – algo que tantas vezes não sucede – para coroar mais um tetracampeão: Miguel Barbosa tem tudo a seu favor para conquistar novo título, tal como sucedeu em 2003, 2005 e 2007. Os anos ímpares parecem fétiches para o piloto do Mitsuhishi Racing Lancer, que somou o máximo de pontos no Ervideira Rali TT, que venceu, e na recente Baja TT Proença-a-Nova, em que averbou os 25 pontos face à não inscrição do vencedor Rui Sousa no campeonato.
A dupla da Prolama pode, de resto, tirar partido da agora comprovada fiabilidade do Isuzu D-Max Proto, o que constituirá factor de renovado interesse, quando a equipa prometeu lutar pelas vitórias nas provas que faltam, pese embora as diferenças para o muito competitivo Mitsubishi Racing Lancer.
O líder do campeonato chega a Idanha-a-Nova com 38 pontos de vantagem para Pedro Grancha, uma vez que Carlos Sousa é um vice-líder virtual: renunciou ao campeonato dado o novo projecto para o regresso ao Dakar sul-americano. Deste modo, só uma incrível série de adversidades poderá retirar o título a Miguel Barbosa, nesta fase da época sem adversário à altura para discutir o título. Para Pedro Grancha (Nissan Navara Off Road), a oportunidade é de ouro para lutar pelo lugar de vicecampeão, mas o despique promete ser aliciante com a nova geração deste campeonato e que em Baja TT Proença/Oleiros mostrou serviço e marcou pontos pela 1.ª vez esta temporada: Nuno Matos (Astra Proto) conquistou o primeiro pódio com este novo carro e Ricardo Porém ( Bomcar BMW Série 1 Proto) provou que as alterações introduzidas – novo motor turbo diesel a par de outras evoluções – foram feitas no momento certo.
Neste conflito de gerações, sempre curioso, José Gameiro, actual 4.º classificado, vai ter de se empregar a fundo, pois 11 pontos apenas separam o piloto da Nissan Navara Off Road de Ricardo Porém, 8.º da tabela, a três pontos de Nuno Matos e a apenas um de José Dinis Lucas. O piloto do Pajero DID foi um dos mais azarados na baja anterior, ao ficar parado a 15 km do final com problemas na caixa de velocidades (veio primário).
Aliás, Lino Carapeta, que levou o melhorado Bowler, com novo motor e nova caixa de velocidades, agora sequencial, terminou no 5.º lugar – somou os primeiros 12 pontos – e pode rubricar mais um bom resultado na corrida a posições mais cimeiras do campeonato.
Na categoria T2, Mário Dinis Lucas (Mitsubishi Montero) chega a Idanha-a-Nova a dois pontos do líder Carlos Almeida deste campeonato, estranhamente, pouco participado, enquanto no T8, o campeão Paulo Sousa ( Mitsubishi Pajero) continua a dominar – manteve invencibilidade e ficou com 30 pontos de diferença para Vítor Caeiro – nesta época em que a Escuderia Castelo Branco bem merece todo o apreço pelo enorme e exemplar esforço feito na organização de duas das cinco provas do Campeonato.
É obra!
Fonte: todoterreno.pt