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Matthieu Baumel, de apenas 34 anos, é francês, natural de Manosque e tem já um vasto palmarés "ao lado" de pilotos de renome internacional e divide a sua paixão entre o todo-o-terreno e os ralis. É nos ralis que o seu palmarés é mais "vistoso", tendo já feito por diversas vezes o campeonato do mundo de ralis, quer na categoria de promoção (PWRC), quer no campeonato Júnior (JWRC). Nos ralis já navegou pilotos como o conhecido Tommy Makinen e Guerlain Chicherit, sendo este último que o "leva" a fazer provas de todo-o-terreno, pois a dupla venceu o Dakar Challenge em 2005 que garantia aos vencedores a participação no Rali Dakar desse mesmo ano com um Bowler da equipa oficial. Desde aí a sua paixão pelo Todo-o-Terreno tem aumentado, dividindo agora a sua carreira entre Ralis e TT, tendo já navegado pilotos como Nasser Al-Attiyah e Carlos Sousa, no Todo-o-Terreno.
O conceituado navegador francês aceitou responder às nossas questões:
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O meu primeiro piloto foi Manu Guigou. Continuei com muito bons pilotos, tais como Byan Bouffier, Brice Tirabassi, Alex Bengue, Guerlain Chicherit e até mesmo Tommi Makinen. Foi em 2004, como Co-Piloto do Guerlain no JWRC, que nós ganhámos o "Dakar Challenge". Participámos no nosso prmeiro Dakar em 2005 com um Bowler e no ano seguinte integrados na equipa BMW X-RAID.
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Num ponto de vista técnico, o X3 CC ou o Mitsubishi Racing Lancer são os carros com maior perfomance, pois foram concebidos para ganhar as longas e duras corridas como o Dakar.
Cada carro tem os seus pontos fortes no entanto o prazer da condução provém do piloto que o conduz e, nesses aspecto, eu tive a oportunidade de navegar o Nasser Al-Attiyah, o Guerlain Chicherit e claro, o Carlos Sousa e os três são excelentes pilotos.
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A um nível de perfomance idêntico, sem hesitar, eu escolheria o Todo-o-Terreno, pois o trabalho do co-piloto é bastante bem mais gratificante e interessante.
Nos ralis tradicionais o esquema de trabalho é idêntico em cada corrida, pois o percurso é reconhecido na altura e não existe espaço para a improvisação. No Todo-o-Terreno, nada se sabe com antecedência e a diferença entre os bons e os maus navegadores está na interpretação das informações dadas no roadbook, que é apenas distribuído na noite anterior, e na rapidez do pensamento que determina a escolha certa, ou não, da estrada a cada momento, a cada quilómetro que passa.
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Humanamente falando, o Carlos é uma pessoa fantástica. É um óptimo piloto e tem uma enorme experiência no Todo-o-Terreno o que faz dele um sério candidato aos primeiros lugares nas longas corridas como o Dakar. O nosso 6º lugar e 1º entre os carros a gasolina no último Dakar, podem prová-lo.
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Estou muito orgulhoso de fazer parte da nova geração de jovens Co-Pilotos e por ter feito parte de uma equipa de topo no último Dakar. A cada corrida que passo com grandes pilotos consigo sempre ganhar mais experiência.
Já fizeste vários Ralis Dakar, qual foi o mais marcante para ti? Porquê?
Foi o meu primeiro Dakar que deixou mais lembranças. Não sabia nada sobre Todo-o-Terreno nem sobre a navegação, muito menos no deserto e esta primeira participação fez-me descobrir uma nova forma corrida de principalmente de aventura.
Depois desta primeira experiência, o meu objectivo foi não falhar a partida dos Ralis Dakar seguintes e até ao momento o "contrato" tem sido cumprido.
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Do ponto de vista desportivo, para mim não há diferença entre África e a América do Sul. Tal como em África, andamos em pistas igualmente técnicas, rápidas, sinuosas, com areia, cruzamos desertos, dunas, apanhamos fesh-fesh, erva de camelo e muita navegação... Continuam por isso reunidos todos os elementos de um bom Dakar.
O cenário é igualmente fantástico, mas com preferência para a Argentina e o Chile, particularmente com a passagem nos Andes a mais de 4800m de altitude.
A maior diferença vem da população que nos acolhe, pois na América os telespectadores movem-se em massa e são verdadeiros entusiastas do desporto automóvel.
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Inicialmente os Ralis eram apenas uma paixão e eu não tinha forçosamente de os tornar na minha carreira, mas a sorte trouxe-me até onde estou hoje. Os Ralis também me permitem viajar e descobrir novos países.
Guardas algum sonho para concretizar enquanto Co-Piloto de Todo-o-Tereno? Qual?
Sim, o meu sonho é ganhar o Dakar!
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Esta história engraçada aconteceu no Rally do JWRC na Alemanha. Chovia muito e estávamos a chegar à super especial. Tudo estava a correr bem mas o meu piloto, apesar dos nossos bons tempos, disse-me que não estava a conduzir tão bem como queria. Ele teve que esperar pela chegada ao parque de assistência para perceber que tinha estado a guiar com as suas botas de borracha ...por cima das botas de competição!!!
O MaisTT agradece ao Matthieu Baummel pela disponibilidade e deseja-lhe as maiores felicidades.
Por Luís Marques e Manuel Cordeiro | MaisTT