sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Carlos Sousa em 4º após a 6ª etapa


Notável! A uma etapa do dia de descanso do Argentina-Chile Dakar 2010, Carlos Sousa subiu ao quarto lugar da geral. O piloto iguala assim o seu melhor resultado – bem como de qualquer português – no Dakar, sendo de destacar que à sua frente apenas estão classificados três dos cinco VW oficiais que alinharam à partida. Ou seja, para além da excelente quarta posição à geral, é também o primeiro dos privados, o primeiro dos portugueses e o primeiro dos pilotos aos comandos de uma viatura equipada com motor a gasolina!

Quando aceitou o desafio de participar no Dakar não faltou quem elogiasse a atitude de Carlos Sousa. O piloto regressava à competição depois de alguns meses arredado por problemas de saúde, voltava a ter a humildade de integrar uma mais limitada equipa privada e, sobretudo, não se coibia de ser o único dos privados a alinhar aos comandos de uma viatura com uma restrição de motor e caixa de velocidades. “Enalteço o enorme ‘fair-play’ do Carlos ao aceitar participar nestas condições, até porque a diferença de andamento para os outros carros, infelizmente, será real, representando uma perda de 30 cavalos e cerca de 25 km/h de velocidade de ponta”, afirmava Dominique Serieys, “team-manager” da equipa, nos dias que antecederam a partida.

Volvidos seis dias de prova, os objectivos não estão alcançados... Estão completamente superados! O piloto não só está classificado entre os 10 primeiros (o que se tinha proposto à partida) como já está no top-5. Melhor aliás... É já o quarto classificado da geral, só sendo superado por três dos cinco VW oficiais que partiram da cidade de Buenos Aires. Um resultado verdadeiramente notável para aquele que é o melhor piloto português de todo-o-terreno (o palmarés desfaz qualquer dúvida...), já que para além de ser o quarto da geral, Carlos Sousa é também o primeiro dos privados, o primeiro dos portugueses e o primeiro dos pilotos aos comandos de uma viatura equipada com motor a gasolina!

“A etapa correu bem”, começou por afirmar Carlos Sousa à chegada ao bivouac instalado em Iquique, depois de ter estabelecido o sétimo melhor tempo nos 418 quilómetros cronometrados da especial. “Nos primeiros quilómetros e a exemplo do que aconteceu com muitos outros pilotos, cometemos um erro de navegação, mas depois tudo correu normalmente, sem incidentes. Aliás, até foi uma etapa algo solitária, já que depois de ter sido ultrapassado pelos Hummer na zona de dunas, rodei praticamente sozinho até final”.


Mas como admite Carlos Sousa, a sexta etapa do Dakar 2010 “teve a dureza e as dificuldades de uma qualquer especial disputada em África. Percorremos zonas com pisos muito traiçoeiros e perigosos, onde procurei não correr riscos desnecessários. Aliás, nessa fase tive em conta o dia de amanhã que, se confirmar a tradição, será o mais duro de toda a prova, porque antecede o dia de descanso. E como a Organização já disse que, excepcionalmente, o bivouac vai estar aberto até às 18 horas do dia seguinte, posso prever enormes dificuldades”.

Quando instado a comentar o excelente quarto lugar da geral em que se encontra classificado, Carlos Sousa confessa que “é óbvio que não estava à espera de um resultado destes, ainda para mais na primeira semana de prova. No entanto, ainda há muito rali para percorrer e o dia de amanhã é, indiscutivelmente, um dos maiores desafios que vamos ter de enfrentar. O dia de sábado é de descanso, mas no domingo é como se começasse um segundo Dakar”. Para o português, o segredo do resultado reside em três factores essenciais: “A concentração com que tenho enfrentado cada dia, a boa navegação do Matthieu Baumel, mas também a extraordinária fiabilidade que o meu Mitsubishi continua a revelar. Como me sinto muito bem fisicamente e psicologicamente, vamos ver como as coisas correm a partir daqui, sendo que, para o dia de amanhã, os objectivos passam por chegar ao final da etapa e conservar a quarta posição”.


GERAL APÓS ETAPA 6

1º Sainz VW 20h35m33s
2º Al-Attiyah VW + 15m24s
3º Miller VW + 17m47s
4º SOUSA Mitsubishi + 1h34m04s
5º Chicherit BMW + 1h51m42s

A ETAPA DE AMANHÃ: ÚLTIMO ESFORÇO ANTES DO DIA DE DESCANSO
Etapa 7: Iquique - Antofagasta
Ligação: 37 km
Especial: 600 km
Ligação: 4 km
Total: 641 km

É a mais longa especial do rali e também a mais variada. Após deixarem Iquique, os concorrentes terão de ultrapassar um imenso cordão de dunas logo na primeira parte do dia. Mas pior será encontrar a técnica ideal quando tiverem que atravessar uma planície salgada de cerca de três quilómetros. Neste terreno repleto de grandes blocos de sal, nunca visto pela maior parte dos concorrentes, a velocidade descerá para menos de 10 km/h! Depois de digerida esta prova, as pistas em direcção a Antofagasta serão, na sua maioria, rápidas e abertas. O regulamento permitirá aos pilotos chegar ao bivouac até às 6h do dia seguinte.