Marco Silva vence na estreia, com Peterhansel na festa do “Portalegre”
Paulo Delgado vence entre os Veteranos, Pedro Agostinho na Promoção e Dorothee entre as Senhoras
João Dias/João Filipe (Absoluto, Navegadores e Troféu Polaris); Jorge Esperto (Troféu CanAm); João Martins (Desafio ACE); Rui Serpa (Veteranos); Pedro Agostinho (Promoção) e Rita Oliveira (Senhoras) são os campeões 2017
A Baja Portalegre 500 encerrou a temporada do Nacional de TT e as famosas pistas alentejanas ditaram magia entre os UTV com o estreante Marco Silva a impor-se numa corrida recheada de pilotos de primeiro plano e com máquinas extremamente competitivas. Festa de arromba em Portalegre que na 5º feira começou a ser inundada de pilotos e equipas para um ano muito especial de uma prova mítica onde, para além dos participantes habituais que ao longo do ano disputaram as outras seis etapas do CNTT, foram vários os que se estrearam e apresentaram nesta corrida.
A competição UTV Buggy foi, como era espectável, muita animada e movimentada. Para além do número recorde de 60 participantes a Baja Portalegre 500 contou com uma presença muito especial que dava pelo nome de Stephane Peterhansel. Antes da corrida o piloto francês já tinha explicado que estava preparado para não ser o mais rápido, à semelhança do que já acontecera nos tempos áureos da sua carreira nas motos. Numa jornada em que se estreou o novíssimo Yamaha YXZ 1000 R e onde a CanAm mostrou pela primeira vez o lindíssimo Maverick X3, os UTV mostram que a temporada de 2017 promete ser fantástica.
Nuno Tavares brilha no prólogo e Miguel Jordão vence a 1ª etapa
Surpresa ou talvez não foi a forma com o campeão 2013 Nuno Tavares dominou o prólogo deixando o segundo classificado a mais de 4s. Os pilotos Polaris mostraram os seus argumentos num traçado técnico e que serpenteava por entre o arvoredo. Cinco Polaris Turbo preencheram as seis primeiras posições. Atrás de Nuno Tavares ficaram Miguel Jordão e Pedro Mendes. Apenas Bruno Martins se intrometeu, realizando o quarto tempo ele que, depois da vitória alcançada aos comandos de um Rage na Ferraria, se apresentou em Portalegre num Yamaha. Jorge Esperto em 9º foi o melhor entre os CanAm Maverick, marca que mais uma vez não pode contar com o seu ponta de lança Vitor Santos, ainda lesionado. Stephane Peterhansel fechou o Top 10 num prólogo onde o campeão nacional João Dias não foi além da 12ª posição.
Se o domínio dos Polaris no prólogo foi evidente, uma zona com 15 quilómetros a fundo no troço da tarde deixou à mostra que onde está a grande fragilidade das máquinas americanas com Nuno Tavares, Pedro Mendes, Rui Serpa a serem forçados a parar para mudarem a correia do variador. De fora ficava também João Dias e o panorama da tabela classificativa alterava-se radicalmente. Mesmo assim era ainda um Polaris que estava na liderança e o jovem vice-campeão Miguel Jordão ocupava o 1º lugar
Nas oito primeiras posições, terminada a primeira etapa, apenas mais um concorrente não pilotava um Yamaha. Atrás de Miguel Jordão posicionavam-se sucessivamente Ricardo Carvalho a 15 segundos; Stephane Petrehansel com a sua mulher Andrea Mayer por várias vezes vencedora do Dakar em Moto a 38s e a dupla Marco e João Silva, filho e pai, estreantes e antigos praticantes de Quad que gastaram mais 2,4s que o piloto francês, tendo atrás de si Bruno Martins a 4s. Apenas atrás de Bruno Martins surgia, na 6º posição, um segundo Polaris o que era pilotado por Pedro Carvalho um dos ainda poucos pilotos vindos dos TT Auto para esta nova e extremamente competitiva disciplina. 7º lugar para o novo Yamaha o único a fazer a sua estreia em Portalegre com Mário Franco aos comandos. Na posição seguinte o cada vez mais competitivo António Ferreira enquanto o primeiro CanAm Maverick surge na 9º posição pilotado por Avelino Luís. Mário Ferreira em Polaris fechava o Top 10 com uma diferença de apenas 2m30s para o líder da prova.
Vitória surpreendente de Marco Silva numa etapa em que o mais rápido foi Pedro Mendes
Dupla Stephane Peterhansel/Andrea Mayer no pódio
No segundo dia de Baja Portalegre 500 e depois das incidências na etapa inaugural os concorrentes tinham pela frente um único troço cronometrado com quase 350 quilómetros de extensão pelo que os prognósticos eram muito reservados. Se Portugal fosse como em Inglaterra, um país de apostas, seguramente que havia quem tivesse feito bom dinheiro. Apesar do 4º lugar que ocupavam à partida desta segunda etapa, quem apostaria numa dupla desconhecida e estreante para uma corrida desta envergadura? Por tudo isto a vitória com 10 minutos de vantagem obtida por Marco e João Silva é seguramente ainda mais saborosa.
Pedro Santinho Mendes foi o mais rápido nesta 2ª etapa, mas para chegar ao segundo lugar final teve muito de penar já que foi apenas o 30º a partir para o troço. Atrás do Pedro Mendes que se sagrou vice-campeão 2016, terminou o Senhor Dakar. Um furo logo no início da corrida forçou-o tal com já estava a acontecer com muitos dos candidatos à vitória a sofrer no pó, mas nunca baixou os braços, como é próprio de um campeão. Também o quarto lugar e a vitória entre os Veteranos por parte de Paulo Delgado foi uma surpresa, mas a regularidade em Portalegre rende e dá dividendos.
Antes de passarmos para o balanço do restante top 10 final faz sentido olhar um pouco para o desenvolvimento da corrida porque as mexidas foram muitas. Se Nuno Tavares começou por ser o mais rápido no início da etapa, até ao km 150 foi Miguel Jordão quem liderou a corrida e se manteve na luta pela vitória até ao km 230, numa altura em que Marco Silva já passara para a frente da prova. Por essa altura a 2º posição pertencia a outro Polaris, o de Pedro Carvalho. Ao km 255, ainda com Pedro Carvalho na 2ª posição, Pedro Mendes afirmava-se o mais rápido em prova e ascendia ao 4º lugar. De salientar que o CanAm Maverick de Avelino Luis rolava então na 3ª posição enquanto, imprimindo um excelente ritmo, a 6ª mais rápida da corrida era Rita Oliveira que, depois do atraso no primeiro dia, mantinha em aberto a luta pela vitória na taça das Senhoras num animado duelo com Dorothee Ferreira.
Com o passar dos quilómetros alguns foram quebrando e outros mostrando a sua fibra de campeão. Já sem nada para ganhar o campeão João Dias partiu para a etapa na derradeira posição e foi o 3º mais rápido do dia. Passou 29 concorrentes até à primeira ZA. Na 5ª posição final ficou António Ferreira a fazer uma notável ponta final de temporada desde que passou a pilotar um Yamaha. Nas posições seguintes terminaram três Polaris pilotados por Carlos Miranda (6º), Teo Viñaras (8º) e Pedro Agostinho (7º) com este último a vencer na Promoção, resultado que lhe deu o título nesta Classe. O 9º lugar absoluto, a apenas 15’ do seu compatriota Peterhansel e a 13’ do seu marido António, deu a vitória entre as Senhoras a Dorothee Ferreira. A fechar o Top 10 terminou Rui Serpa que, neste seu regresso às competições, se sagrou campeão entre os Veteranos.
Se a vitória no Troféu Polaris premiou a excelente prestação de Pedro Mendes, já o triunfo de Avelino Luís entre os CanAm teve um sabor menos doce já que o piloto estava a lutar pela vitória na corrida quando teve um percalço. Não é por isso de admirar que a grande festa, por parte de pilotos do UTV do construtor canadiano, tenha sido feita por Jorge Esperto vencedor final do respetivo troféu. Entre os pequenos Polaris ACE que competiram juntamente com os Hobby a vitória foi para João Rebelo Martins que já era à partida da Baja Portalegre 500 o campeão 2016 e que se superiorizou a Alexandre Freitas agora vice-campeão.
Destaque final para a estreia bem-sucedida de mais uma senhora Tânia Diogo (CanAm Maverick), que por sinal terminou à frente do marido Mário Franco a estrear o novíssimo Yamaha YXZ 1000 R e ainda para o esforço titânico feito por Bruno Martins para levar até ao fim um Yamaha em apenas 3 rodas.
Classificação Final do CNTT (após sete jornadas)
Absoluto: 1º João Dias, 105; 2º Pedro Mendes, 92; 3º Ricardo Carvalho, 62; 4º Carlos Miranda, 60; 5º Rui Serpa, 57; 6º Bruno Martins, 52; 7º Miguel Jordão, 50; 8º Roberto Viñaras, 35; 9º Teo Viñaras, 33; 10º António Ferreira, 32.
Navegadores: 1º João Filipe, 117; 2º Eurico Adão, 74; 3º Luís Engeitado, 69; 4º Filipe Pinto, 60; 5º Paulo Gregório, 54.
Promoção: 1º Pedro Agostinho, 90; 2º Nuno Nunes, 84; 3º Pedro Carvalho, 60.
Veteranos: 1º Rui Serpa, 102; 2º Carlos Miranda, 98; 3º Mário Ferreira, 67
Senhoras: 1ª Rita Oliveira, 120; 2º Dorothee Ferreira, 54; 3º Alexandra Ferreira, 49; 4º Tânia Diogo, 15.
Troféu Polaris: 1º João Dias, 115; 2º Pedro Mendes 106; 3º Carlos Miranda, 84; 4º Rui Serpa 83; 5º Rita Oliveira, 56; 6º Mário Ferreira e Pedro Agostinho, 49; 7º Nuno Nunes, 48; 8º Paulo Delgado, 46; 9º Luís Caseiro, 44; 10º João Fernandes, 39.
Troféu CanAm: 1º Jorge Esperto, 97; 2º Avelino Luís, 77; 3º Emanuel Vieira, 69; 4º Nuno Matias, 55; 5º Vítor Santos, 52.
Desafio Polaris ACE: 1º João Rebelo Martins, 94 pontos; 2º Alexandre Freitas, 77; 3º Marcelo Pinto, 45.