domingo, 26 de outubro de 2014

Pilotos paraplégicos competem em Portalegre

• Isidre Esteve e Valter Martins integram a competição UTV/Buggy 

• Também Miguel Vilar compete nos Quad 

O português Valter Martins e o espanhol Isidre Esteve tinham tudo para sonharem com um futuro notável nas duas rodas. Por acidente, ambos ficaram paraplégicos. Nenhum baixou os braços e de Polaris ambos continuam a praticar a modalidade de que sempre gostaram. Na Baja 500 Portalegre os dois irão estar a competir lado a lado.

 Em 2002 Valter Martins sagrou vice-campeão mundial júnior de Enduro. Pela frente tinha uma carreira promissora seguindo as pisadas do seu grande amigo Hélder Rodrigues. Em 2004, um acidente deixou-o paraplégico. Mas Valter Martins nunca baixou os braços e o tão ambicionado regresso às competições de todo-o-terreno teve lugar no Raid TT à Ferraria de 2013, onde se apresentou aos comandos de um Polaris, preparado pelo então campeão nacional João Lopes.

 Isidre Esteve foi vice-campeão europeu de Enduro em 1995 e de Espanha em 1999. Participou várias vezes no Rally Dakar, onde foi 4º classificado nas edições de 2001 e 2005. Em 2006 travou uma dura batalha pela liderança com o compatriota Marc Coma, mas foi forçado a desistir depois de sofrer várias quedas a quatro etapas do final. Em 2007, sofreu uma lesão de extrema gravidade, depois de cair na Baja Almanzora, onde fraturou as vértebras T7 e T8.

 Mas Isidre Esteve nunca desiste e tenta superar-se dia após dia. Piloto da equipa KH-7 Polaris acredita ser possível sagrar-se um dia campeão de Espanha, ele que este ano ocupa a segunda posição absoluta.

 Mas na Baja 500 Portalegre participará também Miguel Vilar, que foi um destacado navegador e piloto, nos anos 80 e 90. Em 1997 um grave acidente quase lhe roubou a vida quando, em plena autoestrada, foi atingido por uma pedra na cabeça depois de esta ter partido o para-brisas do carro que conduzia. Esteve um mês em coma. Recusou-se a desistir e a sua recuperação é considerada um caso raro.

 Para visitar António Damásio, o neurologista português que o tratou, atravessou de bicicleta os EUA de costa à costa, em 2011 e no início deste ano apresentou a sua história no livro “Entro no palheiro… E sento-me na agulha!”.

 Pouco tempo antes do acidente tinha participado na Baja de Portalegre na mesma Yamaha Banshee com a qual agora se apresenta e onde apenas irá constar a frase “Tomás esta é por ti”, dedicada ao seu grande amigo Tomaz Melo Breyner.

 Afirma que a sua participação tem como lema “Se o gajo conseguiu eu também consigo” uma frase que, de alguma forma, é extensiva a estes três pilotos que vão participar na Baja 500 Portalegre.