domingo, 1 de junho de 2014

Maio, Borrego e Lopes vencem no Algarve

• João Lopes soma sétimo triunfo e amplia recorde 

• António Maio regressa aos triunfos e equipa Yamaha faz o pleno nas duas rodas 

• Corrida animada mas amputada para Buggy/UTV 

Teve lugar este fim-de-semana, em pistas da serra algarvia, a terceira etapa do Campeonato Nacional de Todo-o-Terreno. Nas duas rodas António Maio (Yamaha) regressou aos triunfos, nos Quad a vitória sorriu a Beto Borrego (Yamaha), que a tinha deixado escapar em 2013 e nos Buggy UTV João Lopes (Polaris) confirmou ser o rei dos algarves, ao triunfar pela sétima vez em pouco mais de uma dezena de anos de participações.

 Entre os destaques da jornada é de salientar o facto de, nas duas rodas, a equipa Yamaha Pinhelworks Ray Just Energy ter conseguido o feito inédito de para além de ter triunfado à geral, ter ganho em todas as classes TT1, TT2 e TT3. Também nos Buggy UTV foi inédito o facto de o vencedor ter sido mais rápido que o piloto que triunfou nos automóveis.

  António Maio vence Mário Patrão por 35s 

Depois de duas corridas em que não esteve no pleno das suas capacidades, António Maio regressou aos triunfos em mais uma jornada muito disputada. Desde o prólogo que o piloto da Yamaha assumiu os riscos de querer vencer, apostando em partir à frente para o sector único de 224 quilómetros e tendo ganho logo aí 12 segundos.

 Na corrida, que começou por ter Luís Teixeira na liderança, António Maio chegou à segunda zona de assistência depois de ter ganho mais 31s a Mário Patrão, tendo aí optado por mudar o pneu traseiro da sua Yamaha, ao contrário do seu rival que apenas reabasteceu. Até ao final da prova Maio recuperou o minuto gastou nessa operação e terminou o SS1 com 23s de vantagem o que, somados aos 12 s ganhos no prólogo, perfez um total de 35s.

 Para Mário Patrão (Suzuki) que tentou forçar o andamento na ponta final da corrida, o resultado não lhe retira a liderança do campeonato.

 A jogar em casa Luís Teixeira (Yamaha) foi terceiro no prólogo – apesar de uma queda – e partiu fortíssimo para a corrida. Quebrou fisicamente a meio da prova e contentou-se com o derradeiro lugar no pódio e a vitória em TT3 reduzindo para apenas um ponto a diferença que agora o separa de Fausto Moto na liderança do campeonato da classe.

 A quarta posição final pertenceu ao mais jovem dos pilotos da equipa Yamaha que, tal como acontecera na jornada inaugural, venceu também a classe TT1. Sebastian Buhler partiu para a corrida na 7ª posição que alcançou no prólogo mas, a meio da prova já estava colado a Domingos Santos, o actual campeão e seu mais directo adversário, piloto que partira para a corrida dois minutos à sua frente. Ultrapassou-o pouco depois e terminou a corrida com quase três minutos de vantagem passando a liderar de forma isolada o campeonato da classe.

 Domingos Santos, que terminou a corrida no 5º lugar, foi desta vez protagonista pela negativa ao ter travado de forma anti desportiva a corrida do consagrado Ruben Faria. O piloto algarvio, que se apresentou em treino para a corrida do mundial na Sardenha, partiu para o troço logo atrás do jovem campeão TT1 e cedo mostrou estar mais rápido, tendo-o alcançado relativamente cedo. Apesar de consciente de que o tinha na sua traseira e dos perigos que correm os pilotos nestas circunstâncias, Domingos Santos não cumpriu a regra de “piloto apanhado é piloto passado” o que exasperou Ruben Faria que optou por não continuar após a chegada à ZA2 numa altura em que também na sua traseira já rolava Sebastian Buhler. Com os ânimos menos exaltados o piloto oficial da KTM acabou por retomar a corrida, largos minutos depois, se bem que, por motivos físicos, não a tenha completado.

 Os restantes vencedores desta competição destinada às duas rodas foram Oscar Pedro (KTM) que triunfou na Promoção, sendo 6º da geral e Rodolfo Sampaio também em KTM que foi o mais rápido dos Veteranos, resultado a que acrescentou o 2º na classe TT3 e o 9º da classificação geral.

  Beto Borrego repete vitória mas Tiago Gomes deu nas vistas

 Numa jornada marcada pelo número mais baixo de participantes dos últimos anos, o crónico vencedor da competição destinada aos Quad, Beto Borrego e atual campeão, tinha como principal desafio superar o facto de, no ano passado, ter sido na prova algarvia que foi forçado a interromper um ciclo de 11 vitórias sucessivas. Na altura a sua moto teve um problema mecânico que o atrasou de forma irremediável. Com o seu principal adversário ausente, vítima de acidente sofrido no Troféu Yamaha, Beto Borrego acabou por ter, na Baja Terras de Alcoutim, um oponente inesperado.

 Piloto de Freestyle mas acima de tudo um apaixonado por motos e adepto ferrenho da adrenalina vivida na competição, Tiago Gomes (Suzuki) entrou de forma brilhante ao triunfar no prólogo e manteve-se na frente da corrida durante os primeiros quilómetros. Fraquejou fisicamente a meio da prova mas terminou em 2º lugar a 8m20s do piloto da Racepunk, Beto Borrego que soma já três vitórias em outras tantas provas disputadas.

 Na 3ª posição final terminou o “miúdo” Bruno Ferreira (Yamaha) piloto que compete sob a orientação de Pedro Machado e da sua PAMoto Racing e que foi o vencedor da Promoção. Um lugar de pódio naturalmente muito festejado mas para o qual beneficiou da penalização atribuída a Luís Engeitado (Yamaha) por este não ter parado num Controle de Passagem. O campeão Stock perdeu com isso duas posições, baixando para 5º lugar logo atrás de António Moreira (Yamaha) que venceu entre os Veteranos. A vitória na Classe Stock foi para o 6º classificado absoluto Miguel Nina. ~

Buggy UTV em crescendo e João Lopes recordista 

 Bruno Martins vence entre os Buggy

 A competição destinada aos Buggy & UTV estava recheada de novidades.

 Estreavam-se Tomás Vieira de Campos, filho de Filipe Campos, Miguel Jordão, piloto que veio dos Karts e filho de Pedro Jordão, navegador de Carlos Oliveira. Jorge Monteiro apresentava-se aos comandos do Polaris 1000 utilizado pelo seu filho João nas duas provas anteriores, onde o pai correu de CanAm e Pedro Antunes estreava um Polaris 1000, depois de duas corridas muito pouco conseguidas de Articat. Regressavam à competição Sérgio Silva, 3º do CNTT em 2011 e Pedro Rocha, filho de Duarte Rocha, antigo piloto de Autocross e TT.

 Com 24 equipas à partida esta era a única disciplina a não perder inscritos face ao Vinhos Ervideira Rali TT e a conseguir, pelo contrário, crescer. Infelizmente a organização do CAA teve para com este pilotos e equipas uma atitude perfeitamente discriminatória, obrigando-os a pagarem uma inscrição mais elevada e dando-lhes menos quilómetros de corrida para disputarem. Para além disso foram obrigados a partir, tanto no prólogo como na corrida, depois dos automóveis e não a seguir aos Quad como é prática corrente de todas as restantes organizações. ~

Desportivamente esta tentativa de minorar a disciplina teve uma resposta dada no terreno onde a superioridade face aos automóveis, com quem são habitualmente comparados, foi de tal modo avassaladora que deverá ser motivo de muita reflexão. A vitória de João Lopes (Polaris), a 7ª do piloto no Algarve e que o confirma como recordista absoluto, começou a ser construída no prólogo onde foi o mais rápido, embora os quatro primeiros classificados, tenham terminado separados por menos de 1 segundo (0,84s). Atrás de João Lopes terminaram Vitor Santos (Polaris), Teo Viñaras (Polaris) e Bruno Martins (Rage). Ainda a menos de 5s ficaram mais dois Polaris, os de Jorge Monteiro e o de João Dias. O estreante Tomás Campos apesar de 17º, ficou a menos de 20s do vencedor.

 Com a segunda passagem pelo traçado do prólogo cancelada, foi por esta ordem que a caravana dos Buggy UTV partiu para a pista no dia seguinte, ao meio dia, no pino do calor.

 Quando foi levantar a sua máquina ao parque fechado, Vítor Santos, que tinha sido 2º no prólogo deu conta de que fora vítima do corte criminoso dos tubos de gasolina do seu UTV . Uma situação só passível de ter acontecido num parque fechado que não reunia as condições mínimas de segurança exigidas a uma prova desta natureza. O piloto teve de improvisar uma solução e partiu a “queimar” para a corrida sem se ter preparado convenientemente.

 À passagem por CP1 instalado ao Km 91,27 e que antecedia uma zona de assistência, o ritmo era impressionante e as diferenças mínimas. A comparação com os automóveis, que ali tinham passado uma hora antes, não deixava margens para dúvidas. Os dois primeiros, o Polaris 1000 pilotado por João Lopes e o Polaris 900, tendo aos seus comandos o campeão Nuno Tavares, registavam até aí melhor tempo que o BMW pilotado por Ricardo Porém, o líder da competição auto. A diferença entre o primeiro e o 10º, o estreante Tomás Campos, era inferior a cinco minutos, intervalo onde apenas se encaixavam três automóveis. Mas o mais impressionante era que numa classificação conjunta a partir dos tempos gastos a cumprir o percurso até CP1, entre os 18 melhores registos só constam três automóveis. A 1ª das senhoras, Dorothee Ferreira (Polaris 1000) estava também nesse grupo.

 Um acidente com um automóvel que ardeu, obrigou a organização a dar por concluída a prova uns 40 quilómetros mais à frente tomando em linha de conta, para efeitos de classificação, aquela que já tínhamos referenciado em CP1. Não se classificaram, apesar de terem passado em CP1 o campeão Nuno Tavares que rodou dezenas de quilómetros atrás de Avelino Luís e que acabou por embater contra o Polaris deste último quando ele finalmente se preparava para o deixar passar e Dorothee Ferreira que capotou entre CP1 e o ponto de neutralização da corrida.

 De destacar ainda a primeira vitória do Polaris 1000 (nas duas provas anteriores tinham triunfado pilotos com o modelo 900 – Nuno Tavares e João Dias), o triunfo entre os Buggy para Bruno Martins (Rage) 7º da geral a 3m14s de João Lopes e o facto de esta ter sido a terceira prova terminada e a terceira vitória entre as senhoras para Rita Oliveira.

 Como notas finais de referir o excelente regresso de Sérgio Silva, o mais rápido entre os Polaris 900, de salientar que esta foi a primeira prova terminada pelo buggy construído por Duarte Rocha para o seu filho Pedro e que, no decorrer da prova, caíram numa mesma ravina os Buggy de António Estevão e António Ferreira. Também Dorothee teve aí uma saída de estrada mas conseguiu retomar a corrida.

 A próxima jornada do Campeonato Nacional de Todo-o-Terreno, a Baja TT Oleiros, Proença e Mação disputa-se nos dias 27 e 28 de Junho e é organizada pela Escuderia Castelo Branco.