sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Carlos Sousa parte esta quinta-feira de Lisboa a caminho do seu 13º Dakar


- Num duplo regresso ao Dakar e à condição de piloto oficial, o mais consagrado piloto nacional de todo-o-terreno acredita que é possível repetir uma presença no top-10 da classificação e, se tudo correr normalmente, até conseguir superar o sexto lugar de 2010…

Aos 45 anos, e após um ano de ausência, Carlos Sousa está de volta ao Dakar e às pistas do continente sul-americano, onde a partir do próximo dia 1 de janeiro iniciará a sua 13ª participação no maior e mais difícil rali do mundo, desta vez em representação da Great Wall Motors, o maior construtor automóvel independente da China, e ao volante de um SUV Haval de motorização Diesel.

“É uma marca ainda com pouca tradição no desporto automóvel e que só muito recentemente despertou para o Dakar, como forma de potenciar a sua imagem nos mercados internacionais. Embora sem ter ainda os meios das principais equipas do pelotão automóvel, acredito que poderá uma das grandes surpresas desta edição”, antevê Carlos Sousa, neste seu regresso à América do Sul e à condição de piloto oficial.

“A minha experiência, o meu palmarés na prova e o meu passado em equipas como a Mitsubishi, Volkswagen ou Nissan foram fatores que, quanto a mim, se revelaram determinantes na escolha da Great Wall. Apesar de tudo, confesso que foi com alguma surpresa que recebi este convite, até porque havia outros pilotos de grande valia disponíveis no mercado e com muita vontade de agarrarem este lugar”, revela o português, aludindo às pressões que terão existido para a contratação de um piloto francês.

“Desde o primeiro contacto em março até à assinatura do contrato em agosto, nunca tive qualquer interferência neste processo, pelo que só posso sentir-me extremamente orgulhoso por ser o primeiro piloto estrangeiro a ser chamado para representar um construtor chinês. Sem este convite, acho que muito dificilmente voltaria a disputar um Dakar, por todo o esforço financeiro que esta prova implica”
, acrescenta ainda Carlos Sousa, na véspera da sua viagem para a Argentina.

Com partida agendada para as 18h00 desta quinta-feira, num voo que fará escala em Paris e sobrevoará o Atlântico durante a noite, Carlos Sousa será um dos últimos competidores a chegar à Argentina e à estância balnear de Mar del Plata, onde será dada a partida desta edição:

“Será uma viagem longa e algo desgastante, até porque após a chegada a Buenos Aires ainda teremos que cumprir mais cerca de 500 km até Mar del Plata, onde me juntarei a toda a equipa. É certo não terei muito tempo para descansar e adaptar-me ao fuso horário. Contudo, todo o trabalho de preparação está já feito e as primeiras etapas também nunca são as mais difíceis”, analisa o sexto classificado e melhor piloto privado do Dakar 2010.

Embora sem qualquer pressão quanto a resultados – “não me pediram que traçasse objetivos desportivos, apenas que terminasse a prova em segurança” –, a verdade é que o tetracampeão nacional está confiante num bom resultado nesta sua 13ª participação na prova, onde se estreou em 1996 e exibe como melhor resultado um 4º lugar em 2003:

“Face ao potencial do carro, acredito que poderemos ambicionar legitimamente a um lugar no top-10, mesmo apesar da forte concorrência que se perfila este ano na categoria automóvel. Se conseguirmos melhor que isso, e face à juventude deste projeto, acho que será fantástico, até porque a única e verdadeira ambição da equipa é melhorar o 22º lugar da última edição”
, explica o piloto que terminou 11 das suas 12 participações no Dakar, oito delas no top-10 final.

“É sempre difícil traçar objetivos numa prova tão longa e imprevisível como Dakar.
Mas estou convicto que só uma verdadeira hecatombe impedirá os MINI de monopolizarem o pódio. A partir daí, tudo será uma grande incógnita e a luta será bastante aberta, até porque existe a convicção de que esta será uma das edições mais duras do Dakar na América do Sul”
, sustenta Carlos Sousa, lamentando apenas alguma falta de ritmo e rodagem no novo carro.

“Apenas pude testar o carro durante três dias em Marrocos, no início de novembro. Mas estou convicto que, em condições normais, poderemos discutir um lugar entre o grupo de principais perseguidores e conseguir andar próximo de uma presença no top-5, o que seria notável para esta jovem equipa”
, finaliza o piloto que ostentará o número 307 no SUV Haval inscrito pela Great Wall Motors.