sábado, 9 de janeiro de 2010

Carlos Sousa: “Vou dar o tudo por tudo nesta última semana”


Cumprindo e até superando os seus objectivos iniciais, Carlos Sousa mantém-se entre os lugares da frentes deste Argentina-Chile Dakar 2010, ocupando a meio da prova, à chegada da caravana ao dia de descanso, a sétima posição da geral absoluta, sendo o melhor classificado dos portugueses, o melhor dos Mitsubishi e o segundo entre os pilotos não-oficiais. Protagonizando uma prova em crescendo, chegou a um magnífico quarto lugar após a sexta etapa, para na mais longa especial do rali perder mais de hora e meia com um problema mecânico e um erro no percurso, caindo para sétimo.
Para a última e decisiva semana, Carlos Sousa promete dar tudo para regressar ao top-5. Dominique Serieys, team-manager da equipa, acredita que é possível…

E ao oitavo dia, a caravana descansou. Em Antofagasta, Chile, junto às margens do Pacífico e com o imenso Atacama como pano de fundo, Carlos Sousa e os restantes “sobreviventes” deste Argentina-Chile Dakar 2010 puderam, enfim, recuperar o fôlego e preparar-se psicologicamente para os muitos quilómetros de percurso que ainda faltam vencer até ao regresso à capital argentina.

Provando a sua dureza e o epíteto de maior rali do mundo, a 32ª edição do Dakar deixou já pelo caminho quase 50 por cento dos 362 participantes que se apresentaram à partida em Buenos Aires, no passado dia 1 de Janeiro, mantendo-se em prova apenas 55 automóveis (largaram 134), 95 motos (contra 151), 14 quads (25 à partida) e 25 camiões (dos 52 iniciais).

Inserido na estreante equipa da JMB Stradale Off Road e a disputar pela primeira vez a prova no actual figurino sul-americano, Carlos Sousa faz um balanço “super-positivo” desta primeira semana. “Estou muito satisfeito, porque acho que estamos num lugar acima das expectativas. Confesso que esperava ter a vida mais dificultada por parte da concorrência, até dentro da minha própria equipa. Mas julgo que a minha experiência e à vontade neste misto de pistas duras e rápidas tem valido mais e compensado o handicap com que partimos no nosso carro”, analisa o português.

“É claro que temos perdido muito tempo nas zonas mais rápidas por falta de potência e velocidade de ponta. Mas também é um facto que, mesmo sem esse handicap, seria à mesma impossível lutar de igual para igual com os carros diesel, actualmente com um regulamento feito à sua medida”, sublinha.

“Seja como for, chego ao dia de descanso em sétimo da geral. É verdade que já passei pelo quarto lugar e preferia manter-me por lá… Porém, temos de nos contentar com este resultado. Uns dias temos mais sorte, outros temos mais azares. Faz parte da corrida! E eu habituei-me ao longo destes anos a aceitar o resultado que a prova nos dá ou tira. Contudo, acho que também já chega de ser sétimo (resultado das suas três últimas participações) e estou disposto a assumir o risco para tentar chegar um pouco mais à frente nesta última semana”, prometeu Carlos Sousa já a antever esta derradeira metade de prova.

DOMINIQUE SERIEYS: “REGULAMENTO TEM PENALIZADO CARLOS SOUSA"

Liderando a única equipa que mantém todos os seus cinco carros em prova à chegada ao dia de descanso, Dominique Serieys, histórico director desportivo da ex-equipa oficial Mitsubishi e agora “team-manager” da JMB Stradale Off Road, faz um balanço a estes primeiros sete dias de prova: “Sintome dividido porque os nossos resultados deveriam ter sido diferentes. Tivemos alguns problemas técnicos que foram facilmente resolvidos, mas que poderiam ter sido facilmente evitados. Os pilotos são relativamente novos, exceptuando o Carlos Sousa, logo o mais penalizado pelo regulamento que em nada favorece os motores a gasolina. Apesar desta limitação, está a fazer uma prova excelente e tem conseguido os melhores resultados para a equipa. Se a FIA reavaliasse a sua decisão, poderemos ser sérios pretendentes à vitória no futuro”, analisou o francês.

Antevendo a próxima semana, Dominique Serieys afirma que “vamos melhorar ainda mais a nossa performance e mantenho a firme esperança de que o Carlos possa ainda regressar a um lugar dentro do top-5”.

A ETAPA DE AMANHÃ:

Etapa 8: Antofagasta - Copiapo
Ligação: 96 km
Especial: 472 km
Ligação: 0 km
Total: 568 km

Após a jornada de descanso, a competição recomeça no Chile com a penúltima etapa desta edição traçada no deserto de Atacama. No terreno rochoso da primeira parte do percurso, todo o cuidado será pouco e facilmente se perderão minutos em caso de erro. À medida que a prova avança, o ritmo irá aumentando até à zona de dunas perto de Copiapo. Aqueles que quiserem admirar a paisagem final não poderão abrandar nem ter calma: a etapa será longa e os dias… curtos.