Bastaram três etapas no Rali Rota da Seda para que um terço dos concorrentes ficasse pelo caminho. Numa prova com sete especiais, à partida para a quarta etapa apenas se apresentaram 60 dos 95 participantes em automóvel. No camiões a situação não é tão dramática... aliás é realmente diferente, pois de 35 que arrancaram para o primeiro sector, apenas 2 não se apresentaram hoje.
Serão certamente inumeros os motivos que ditaram uma taxa tão grande de abandonos num rali que em teoria é de resistência e não de sprint. A prova na sua maioria percorre espaços abertos na estepe, com dunas, areia, e muita mas mesmo muita erva.
Porém os primeiros dias atravessaram florestas, rios, campos de cultivo sendo as pistas um pouco mais sinuosas. No entanto, um convidado algo inesperado complicou a tarefa dos pilotos ( e não só) de uma maneira que não seria fácil prever, falamos da chuva. Antes da partida e durante as duas primeiras etapas choveu copiosamente, cortesia das trovoadas de verão. Graças pois a estas chuvas, as pistas que deveriam ser de terra batida e poeirenta, transformaram-se em autênticos ringues de patinagem, com uma lama negra a agarrar-se a tudo e mais alguma coisa. As equipas viram-se assim com a dificil tarefa de conseguir manter os carros na estrada, e obstáculos simples como uma pequena subida depois de um ribeiro ainda menor transformaram-se num dos 12 trabalhos de Hércules.
Tanta complicação associada ao espirito de competição das equipas foram fazendo mossa por entre a caravana com avarias aqui e ali, e alguns acidentes pelo meio ditaram a paragem das muitas equipas, entre as quais obviamente alguns pilotos que se poderiam de alguma forma considerar favoritos. Ontem foi talvez o dia mais nefasto para os que participam no "Rota da Seda" e apesar da chuva ter dado tréguas, a navegação na estepe e muitas ratoeiras na pista acabaram por colocar um ponto final nas aspirações de muitas equipas, o complicar a vida a muitas outras.
Só para mencionar alguns dos nomes que são mais ou menos conhecidos do nosso público e que já ficaram pelo caminho podemos referir por exemplo Boris Gadasin, que parou devido a problemas com a pressão do óleo do seu carro. Mathias Khale, que há pouco tempo esteve em Portugal para participar no Ervideira Rali TT com o SAM Mercedes, e que desta vez tripulava um Buggy SMG também teve que abandonar a corrida logo na primeira etapa. Miroslav Zapletal, o piloto do Hummer (conhecido entre nós por ter adquirido a Strakar que foi de Carlos Sousa) também parou, mas por motivos que até ao momento ainda desconhecemos. Bogdan Novitskiy, outro piloto da G-Force também já está fora.
Por enquanto a corrida é dominada pela X-Raid, seguindo-se uma caravana cada onde ainda vão sobrevivendo pilotos estrangeiros, mas que cada vez são menos, e vao dando assim espaço aos pilotos locais de subir. Talvez pelo conhecimento do terreno, vontade de terminar, ou velocidades mais baixas e mais seguras, os muitos Russos vão conseguindo manter-se em prova. Neste grupo chegam a estar presentes duas equipas com jipes UAZ, pouco conhecido entre nós, mas que foi disseminado um pouco por todo o mundo soviético nos tempos da guerra fria numa altura em que a quantidade era mais importante que a qualidade.