quinta-feira, 7 de julho de 2011

G-Force preparada para o Rota da Seda


O consenso geral é de que se retirarmos as equipas de fábrica com os seus orçamentos multimillionários, os eventos, e mesmo os campeonatos poderão cair de forma brutal rumo ao desaparecimento... A Volkswagem retirou a sua equipa de fábrica do Dakar e dos eventos do Dakar Series para se concentrar em outras áreas do desporto motorizado. Mas por além das estratégias de marketing bem orquestradas e do nome de uma marca, o Rali Rota da Seda está a reunir uma caravana enorme dos chamados "amadores" que constroem e desenvolem os seus carros para percorrer areias e montanhas por uma simples e única razão: É a sua paixão!

As máquinas que participarão no Rota da Seda poderão não ter o logotipo da VW na grelha, mas por exemplo a X-Raid e a G-Force irão levar verdadeiras bestas para o rali: As curvas cativantes do Mini vermelho criado e testado pela X-Raid irá enfrentar o espetacular Proto G-Force equipado com um monstruoso motor V8 de 7000cc.

E também devido á natureza da prova, desenhada através da Russia pela equipa da ASO, com o seu terreno muito variado, a Rota da Seda 2011 tem tudo para proporcionar uma luta fascinante. Leonid Novitskiy, o actual campeão de Todo o Terreno, foi facilmente batido pelo bi-campeão da Taça FIA de Bajas Boris Gadasin na primeira ronda da Taça do Mundo em Itália, mas Gadasin apenas conseguiu resistir 4 (quatro) quilómetros no evento seguinte devido a um capotanço no deserto. Nas etapas tipo Baja nas florestas em redor de Moscovo, Gadasin terá a vantagem, mas quando a paisagem abrir nas vastas planicies da estepe, com etapas de areia, então será Novitskiy a comandar.

Mas... existe um homem que estará sempre omnipresente em qualquer luta, seja em que tipo de terreno for, seja em que corrida for, que é a lenda dos ralis de todo o terreno, Stephane Peterhansel. A sua vitória no exageradamente quente "Empty Quarter" no Abu Dabhi Desert Challenge, significa que ele é um dos mais sérios candidatos ao título da Taça FIA.

Quer a X-Raid, quer a G-Force têm pilotos Russos, mas a G-Force tem a sua base próximo do centro de São Petersburgo, por isso pode ser considerada uma equipa local. Fomos assim ver de perto os preparativos da equipa.

Fomos recebidos por Marina Kosenkova, mas que não tem uma função que consigamos descrever pois tem muitas ocupações no seio da equipa. Segundo ela própria, é uma especie de "Directora, Tradutora, negociadora, responsável pela logistica. " Talvez por isso tenha sido muito rápida a explicar que não há qualquer beneficio por serem uma equipa Russa a correr no seu país Natal. "Tudo no carro, desde o motor, a transmissão, suspensão, componentes electricos, quase todos os parafusos têm que ser importados através dos famosos e ineficientes serviços alfandegários Russos, com custos enormes e os impostos ainda em cima," disse-nos. "Enquanto as outras equipas apenas têm que passar de uma vez os seus carros e camiões... nós temos que fazer isso quase peça por peça do carro... é o meu trabalho diário!"

A apenas alguns dias da partida e com quatro carros para preparar, Boris Gadasin é um homem ocupado, mas conseguimos roubar-lhe alguns minutos para lhe colocar um punhado de questões. A primeira de todas foi o que pensava acerca do abandono da VW. Se esperava que ele respondesse que estava muito satisfeito, ficará muito surpreendido com o que ele disse: "Não, é terrível para o desporto." disse-nos. "As equipas como a Volkswagen são como um farol, que nós equipas privadas tentamos alcançar e comparar com as nossas performances, por isso não os ter é uma coisa muito má. Mas espero que algumas equipas privadas que costumam participar no Dakar venham a ser muito competitivas."

Mas porque a VW tenha saído não significa que a prova tenha ficado mais fácil para os outros. A rota desenhada pelos organizadores passar por alguns dos terrenos mais duros que o país tem para oferecer, por isso perguntámos o que esperava do evento.

"Na minha opinião Stephane Peterhansel é um dos melhores pilotos do mundo, sendo tão rápido quer nas etapas tipo Baja quer nas etapas do deserto, por isso podermos comparar a nossa performance com ele será já de si uma excelente experiência. E tal como nos últimos anos, iremos tentar percorrer as etapas e todo o evento da melhore forma que formos capazes, e no fim veremos onde ficámos. Não posso dizer mais do que isso."

E o que torna o Rota da Seda especial para a G-Force quando comparado com outros eventos?

"Bem, em primeiro lugar, o Rota da Seda é uma boa maneira de mostrar a Russia ao resto do mundo, e é também muito interessante correr contra equipas com apoio de fábrica como a X-Raid. Nós não nos limitamos a preparar e conduzir os nossos carros, na verdade eles são protótipos que nós próprios desenhamos e construimos desde o primeiro parafuso, por isso é optimo pode mostrá-los em prova no Rota da Seda."

Desde o primeiro desenho feito há alguns anos atrás, a equipa percorreu um caminho incrível, e estão orgulhos do que conseguiram. Agora têm também um novo "apoio rápido" com a inclusão de um camião de corrida, que apesar de tudo não conseguirá lutar com os reis da categoria, os Kamaz.

Assim, sábado 9 de Julho, partindo do podium instalado na Praça Vermelha frente ao Kremlin , no coração da Rússia, uma caravana de 105 automóveis seguida por 34 camiões irá dar ínicio a uma corrida feroz, percorrendo florestas, planicies, desertos, estepe e até monhtanhas na vastidão da Rússia. 4000 quilómetros depois, os que não sucumbirem aos perigos da Russia selvagem, poderão finalmente abrir as garrafas de champanhe nas montanhas do cáucaso.

Robb Pritchard / Todoterreno.pt